quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Livro: O computador na sociedade do conhecimento

Resumo capítulo 6: FORMAÇÃO DE PROFESSORES: DIFERENTES ABORDAGENS PEDAGÓGICAS

José Armando Valente
De acordo com o autor a formação de professores na área de informática na educação, vem acontecendo desde 1983, quando foram iniciadas as primeiras experiências de uso do computador nessa área. Ao longo de todo esse tempo a formação dos professores é baseada em diversas necessidade de formação de profissionais qualificados, pelas limitações técnicas e financeiras, pelo nível de conhecimento que os pesquisadores dispõem e pelo interesse desses pesquisadores em elaborar e estudar novas metodologias de formação.
Primeira abordagem- Caracterizada como mentorial utilizada no projeto EDUCOM;
Segunda abordagem- Caracterizada como a massificação da formação, aconteceram nos cursos FORMAR e está acontecendo na capacitação de professores multiplicadores dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs);
Terceira abordagem- formação totalmente presencial, acontece nas escolas onde os professores atuam.
Abordagem mentorial:
Quando as propostas para o projeto EDUCOM foram elaboradas em 1983, não existia no Brasil pesquisadores formados na área de Informática na Educação. Os pesquisadores que se interessaram em trabalhar nessa área eram de outras áreas como engenharias, computação ou da área de educação, porém com pouca experiência com informática na educação.
Iniciado em 1984 o projeto que acontecia em 5 estados do país tinho como objetivo produzir programas educativos por meio do computador (PECs ) e a implantação da informática na escola pública, utilizando diversas abordagens, como o uso de PECs e Logo. Inicialmente, o objetivo foi a formação de uma equipe interdisciplinar e, posteriormente, a formação de professores de 1o, 2o e 3o graus, pós-graduação de profissionais das áreas de informática e de educação, realizado por intermédio de cursos com duração variando de 30 a 80 horas. Esse centro de pesquisa teve uma participação importante nos cursos FORMAR, sendo responsável pelas disciplinas sobre produção e avaliação de PECs.
A Abordagem dos Formar I e II
O FORMAR I teve como objetivo principal a formação de professores para implantarem os Centros de Informática na Educação vinculados às Secretarias Estaduais de Educação (CIEd), e o FORMAR II a implantação do Centros na Escolas Técnicas Federais (CIET) ou no ensino superior (CIES). A tentativa era a de disseminar os conhecimentos sobre informática na educação para outros centros, de modo que a pesquisa e as atividades nessa área não ficassem restritas somente aos cinco centros do EDUCOM. Portanto, essa formação pode ser vista como uma ação para atingir um número grande de profissionais de praticamente todos os estados do Brasil . a massificação da informática na educação em diferentes localidades brasileira.
Essa formação foi realizada por intermédio de cursos de especialização lato sensu, mínimo de 360 horas, abrangendo diversos conteúdos da área de informática na educação. O FORMAR I e o FORMAR II apresentaram diversos pontos positivos. Primeiro, propiciaram a preparação de profissionais da educação que não tinham tido contato com o computador e que foram responsáveis pelas atividades nos Centros de Informática na Educação ou nas respectivas instituições de origem. Eles tinham como função a disseminação das atividades de informática na educação e a formação de novos profissionais nessa área.
Embora com vários pontos positivos o projete também contava com varios negativos Entretanto, os cursos apresentaram diversos pontos negativos.
Primeiro- os cursos foram realizados em local distante do local de trabalho e de residência dos participantes. Os professores tiveram que interromper, por dois meses, as atividades docentes e deixar a família. No entanto, a razão do deslocamento do professor para Campinas, naquele momento, foi o fato de não existir, no Brasil, um centro que dispusesse de computadores em número suficiente para atender aos vinte e cinco professores simultaneamente. Para que isso fosse possível, foi necessário contar com a colaboração das fábricas Sharp e Gradiente que produziam os microcomputadores MSX.
Segundo- o curso foi demasiadamente compacto. Com isso, tentou-se minimizar o custo de manutenção do professor ou profissional da secretaria no curso e o tempo que ele deveria se afastar do trabalho e da família. O curso deixou de oferecer o espaço e o tempo necessários para que os participantes assimilassem os diferentes conteúdos e praticassem com alunos as novas ideias apresentadas. Os participantes do curso nunca tiveram a chance de vivenciar o uso dos conhecimentos e técnicas adquiridas e receber orientação quanto à sua performance de educador no ambiente de aprendizado, baseado na informática.
Terceiro- muitos participantes voltaram para o seu local de trabalho e não encontraram as condições necessárias para a implantação da informática na educação. Isso aconteceu tanto por falta de condições físicas (falta do equipamento), quanto por falta de interesse por parte da estrutura educacional. Como os cursos de formação não oferecem condições para os professores aprenderem, efetivamente, a usar o computador com aluno, a esses professores não restam muitas alternativas: eles se acomodam ou abandonam o seu ambiente de trabalho.
Resultado: não alcançamos as mudanças e ainda contribuímos para o fracasso dos cursos de formação de professores.
Diante de todos esse obstáculos os cursos de formação de professores tinham que ser capazes de integrar a informática e as atividades que desenvolvem em sala de aula exigem uma nova abordagem, incorporando aspectos pedagógicos que contribuam para que o professor seja capaz de construir, no seu local de trabalho, as condições necessárias e propícias à mudança da atual prática pedagógica. Esse nova proposta foi materializada no curso de formação, usando a abordagem baseada na construção contextualizada do conhecimento. De acordo com essa proposta, o objetivo da formação não é só propiciar conhecimento sobre informática e sobre os aspectos pedagógicos, mas auxiliar o professor e a administração da escola na construção do processo de implantação da informática na escola.
Diante disso, outras abordagens para auxiliar nessa formação, entre elas
A FORMAÇÃO BASEADA NO CONSTRUCIONISMO CONTEXTUALIZADO
Como já foi discutido anteriormente, o termo Construcionista significa a construção de conhecimento baseada na realização concreta de uma ação que produz um produto palpável (um artigo, um projeto, um objeto) de interesse pessoal de quem produz. Contextualizada, no sentido do produto ser vinculado à realidade da pessoa ou do local onde vai ser produzido e utilizado.
Assim, um curso de formação de professores em informática na educação, embasado na proposta construcionista-contextualizada, significa um curso fortemente baseado no uso do computador, realizado na escola onde esses professores atuam, criando condições para os professores aplicarem os conhecimentos com os seus alunos, como parte do processo de formação. Isso implica em propiciar as condições para o professor agir, refletir e depurar o seu conhecimento em todas as fases pelas quais ele deverá passar na implantação do computador na sua prática de sala de aula: dominar o computador, saber como interagir com um aluno, com a classe como um todo, desenvolver um projeto integrando o computador nos diferentes conteúdos e trabalhar os aspectos organizacionais da escola para que o projeto possa ser viabilizado.
Experiência do LEC na formação de professores a distância
CONCLUSÕES
Cabe à educação formar este profissional. Por essa razão, a educação não pode mais restringir-se ao conjunto de instruções que o professor transmite a um aluno passivo, mas deve enfatizar a construção do conhecimento pelo aluno e o desenvolvimento de novas competências necessárias para sobreviver na sociedade atual.
Neste sentido, a formação do profissional, para atuar nessa nova sociedade, implica em entender a aprendizagem como uma maneira de representar o conhecimento, provocando um redimensionamento dos conceitos já conhecidos e possibilitando a busca e compreensão de novas idéias e valores. Um outro desafio a ser vencido é ir além de ações que privilegiem somente a formação do professor. A implantação da mudança na escola prevê ações com outros segmentos da escola. De certa maneira, estamos adequando currículo, envolvendo administradores.
O Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desenvolveu uma metodologia de formação a distância baseada no apoio continuado à realização de atividades que o professor desenvolve no seu local de trabalho. A primeira experiência, via Internet, foi o Curso de Especialização, denominado .Psicologia do Desenvolvimento Cognitivo Aplicada a Ambientes Informáticos de Aprendizagem., dirigido a vinte educadores responsáveis pelo Programa Nacional de Informática Educativa da Costa Rica. O objetivo foi o de preparar recursos humanos para estabelecer uma metodologia que implicasse, ela própria, na obtenção de novos modelos de prática pedagógica (Axt & Fagundes, 1995). Foi planejado um curso de 360 horas que foram cumpridas ao longo de seis meses, mantendo-se a comunicação via Internet. Os conteúdos deste curso foram distribuídos em quatro blocos: O Desenvolvimento da Inteligência: Conceitos e Princípios Fundamentais; A Construção do Conhecimento e os Mecanismos Cognitivos no Processo de Aprendizagem I; A Construção do Conhecimento e os Mecanismos Cognitivos no Processo de Aprendizagem II; A Metodologia de Intervenção Didático .pedagógica em Situações de Aprendizagem no Ambiente Logo e seus Efeitos. A modalidade interativa e interdisciplinar, pela qual o LEC desenvolveu este trabalho docente, até agora pensada sempre como sendo restrita aos cursos presenciais, constitui-se a principal inovação desse projeto. Na interação com os participantes do curso, o LEC utilizou o método clínico piagetiano de interação e intervenção, adaptado aos ambientes telemáticos de aprendizagem.

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